Política: para não ser idiota - Resenha crítica - Mario Sergio Cortella
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Política: para não ser idiota - resenha crítica

Política: para não ser idiota Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-6177-316-8

Editora: Papirus 7 Mares

Resenha crítica

Política não é coisa de idiota

Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro dialogam sobre o papel da política na sociedade, indo além das questões partidárias e de cargos eletivos. Os dois partem de sua especialidade, a filosofia, para esmiuçar um assunto tão importante em nossas vidas. 

E começam tratando de uma palavra que, muitas vezes, é usada para xingamentos: idiota. Seu significado tem origem na expressão grega “idiótes”, que indica pessoas que só vivem a vida privada, recusando e dizendo não à política. 

Com o passar do tempo, houve um sequestro semântico e tal expressão passou a ser usada justamente no sentido contrário. Quem se aproxima da política em todos os segmentos costuma ser malvisto e até chamado de idiota por quem ignora um aspecto que influencia a vida de todos nós. Uma verdadeira distorção. 

Trata-se de uma situação paradoxal. Se, por um lado, vivemos a época de maior liberdade em toda a história, por outro, muitos conceitos equivocados se disseminam em uma velocidade descontrolada. 

Isso explica como a ideia contraditória, de que não se meter em política seria uma qualidade, acaba aceita por tanta gente de forma naturalizada. Idiota, mesmo, é quem faz questão de não se atentar a essa editoria de notícias, com suas movimentações interferindo diretamente no presente e no futuro. 

Conviver é o mais político dos atos 

Quando se fala em política, é comum ver muitas pessoas resumindo o assunto a questões partidárias, envolvendo cargos, poderes e eleições. Mas é importante ressaltar que esse tema é muito mais amplo. 

Como exemplo prático, em nossos tempos costuma-se entender liberdade e direitos como propriedades, agindo como se fossem meros objetos de consumo. Assim, pensamos que agir politicamente é apenas uma obrigação, com a qual temos de lidar de tempos em tempos ao votar. Ledo engano. 

Se queremos uma sociedade com mais justiça e cidadania, é fundamental entender a importância dos direitos e deveres para cada um de nós como seres sociais. Não é à toa que existem punições a quem comete crimes, que podem causar multas ou perda de liberdade pela ausência da capacidade de conviver em sociedade. 

A confusão entre cidadania e consumo é o que faz com que muita gente se sinta superior pelo simples fato de ter mais dinheiro. Esse pensamento despolitizado reforça a necessidade de se disseminar conhecimentos básicos sobre como o assunto está presente não só para os poderosos. 

A convivência e o respeito com o próximo são, sim, um ato político, que demonstra como liberdade e igualdade entre pessoas diferentes leva a sociedade a uma convivência mais pacífica, ordeira e respeitosa. 

Uma cidadania contra o colapso

Ao longo da história, diversas sociedades viram tragédias acontecerem por consequências de devastações, fossem elas ecológicas, culturais ou mesmo sociais, capazes de destruir suas próprias condições de sobrevivência. 

Quando não exercemos a cidadania plena e nos orgulhamos da despolitização, é natural que parte da espécie humana adote condutas que destruam as condições de sobrevivência. 

A emergência climática e o colapso do transporte público nas grandes cidades são bons exemplos. Também podemos colocar as distorções econômicas nesse balaio. Aos nos conscientizarmos sobre os caminhos tomados pelos governantes, deixamos de lado a idiotice para buscar novos rumos para as cidades, os estados e a nação como um todo. 

Em tempos tão corridos quanto os atuais, trabalhamos tanto que mal nos dedicamos a debater a política em seus mais diversos aspectos. Dos conceitos básicos aos direitos como trabalhadores. Das questões econômicas às ambientais e sociais.

Quanta gente você conhece que mal consegue se informar no cotidiano, mesmo em meio à enxurrada de conteúdo dos veículos de comunicação e das redes sociais? 

Como indivíduos, só somos donos de nós mesmos quando podemos manejar o próprio tempo. Caso contrário, caminhamos automaticamente para o colapso em suas mais variadas concepções. Exercer a cidadania é o que pode nos salvar de toda tragédia nos cercando diariamente. 

Da importância da transparência

Passamos da metade deste microbook e chegou a hora de falar sobre porque é fundamental que nós, membros da sociedade civil, tenhamos acesso aos atos políticos dos representantes no poder. 

Para os autores, evoluímos muito ao longo das últimas décadas. No início do século passado, falar em democracia sequer era visto como elogio. Afinal, a existência de muitos países em que a população nem tinha direito ao voto era predominante em boa parte do mundo. Foi depois de 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial, que não ser democrático deixou de ser moda, ao menos no discurso. 

Com mais gente entrando na política, aumentou a necessidade de os governantes darem satisfação à população sobre os caminhos tomados. 

Se hoje podemos conferir na internet os atos de presidentes, governadores e prefeitos, é porque o século 20 deixou como herança a necessidade do poder não só emanar, mas servir ao povo. Mesmo que em boa parte dos casos isso se limite à teoria, nós sabemos qual é o caminho desejado.

Transparência nos atos dos poderosos garante mais direito à cidadania e reivindicações de políticas que atendam a todos, não só a uns poucos privilegiados. 

Para lidar com as diferenças

Muita gente foge das discussões políticas pelo medo de ideias diferentes, contra as quais seja necessário argumentar para convencer interlocutores. 

Vale ressaltar que não existe obrigatoriedade de consenso, mesmo que ele faça parte do ato político. Ainda assim, essa não é a única forma de fazer a sociedade andar para frente, votando e debatendo sobre questões do cotidiano tão importantes para os cidadãos. 

Na democracia, não há ausência de divergências. Quem acredita em sua anulação por meio da redução das ideias opostas tem uma ideia equivocada de como a política funciona. O conflito, como embate de posturas, ideias e situações, faz parte do jogo. Isso é bem diferente de confronto, palavra que tem em sua origem a tentativa de anular o outro. 

Em tempos de extrema violência no debate público, não é por acaso que cada vez mais esse termo tome o noticiário. Lidar com as diferenças exige disposição para ouvir, embora a vontade de falar pareça suplantar toda possibilidade de fazer do diálogo a forma mais sensata de conquistar a opinião pública. 

Lembre-se: se até dentro de sua casa as impressões sobre a vida não são as mesmas, é de se imaginar que o mesmo ocorra em questões mais amplas, como nos parlamentos e nos grandes debates envolvendo assuntos políticos.  

Política faz bem

Nada mais incorreto do que afirmar que política não se discute. Esse ditado tão popular dissemina o pensamento de que se envolver no assunto é ruim, quase um defeito de caráter. Lembrando o conceito grego, trata-se de um ato idiota, de quem se distancia do tema que está no topo da importância para a vida de todos. 

Porque quando enxergamos a política como algo predominantemente negativo, do qual devemos nos afastar, ajudamos a sociedade a caminhar rumo ao colapso, agonizando em vários aspectos. Deixamos que gente mal-intencionada decida por nós. 

Quem se sente bem por se afastar desse tópico age como um verdadeiro idiota ao não entender que isso, por si só, já é uma escolha e um ato político. 

Os autores contam que nos anos 1980, durante a campanha das Diretas Já, havia se disseminado pela sociedade a necessidade de estar por dentro da política e de seus meandros. 

E se sabemos que esse tópico nos mantém vivos e ajuda a mudar o mundo, é nosso papel mostrar que ficar por dentro da política faz bem e é transformador. 

Notas finais 

Política é um tema sobre o qual precisamos nos informar continuamente para não sermos verdadeiros idiotas, já que a expressão, em suas origens, indica aqueles que não têm o menor interesse sobre o assunto. Porque no fundo, trata-se do mais importante dos temas cotidianos. Sem ela, não se resolvem problemas coletivos e vivemos a barbárie. Por isso, essa obra é fundamental para desmistificar a importância de estar atento diariamente sobre seus meandros, sem se deixar levar pelo ódio, preconceito ou mesmo pela desinformação que tanto nos atinge.

Dica do 12 min

Quer aprender mais sobre o assunto? Também está disponível no 12 min o microbook Política é para todos, onde a advogada Gabriela Prioli explica, de formasimples, questões básicas sobre o tema.

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Quem escreveu o livro?

Mario é filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário. É muito conhecido por divulgar pensadores com outros intelectuais como Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Renato Janine Ribeiro e analisar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea. É professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e de pós-graduação em Educação da PUC-SP, na qual está de 1977 a 2012, além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral, desde 1997, e foi no GVPec da Fundação Getúlio Vargas, entre 1... (Leia mais)

É filósofo, além de escritor e professor na USP. Com mais de 150 artigos e 17 livros publicados, é especializado nas áreas... (Leia mais)

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